
Logística
Tarifa Zero fica para trás: como o Brasil redesenha rotas para a carne bovina após barreira de 50% dos EUA
A imposição da tarifa de 50% pelos EUA fez as exportações despencarem 81% para o país, mas o Brasil bateu recorde total graças à rápida diversificação de mercados. O volume redirecionado pressiona a logística do frio nacional.

A imposição efetiva das tarifas de 50% sobre a carne bovina brasileira pelos EUA, em vigor desde agosto de 2025, transformou o que era uma previsão em um teste de estresse operacional para toda a cadeia. O mercado dos EUA foi brutalmente paralisado, forçando uma reengenharia urgente nas estratégias comerciais e logísticas do Brasil.
Contexto: O Fim de um Mercado em Expansão
Os EUA, que em 2024 foram o 2º maior comprador de carne bovina do Brasil (movimentando US$ 1,35 bilhão), viram essa relação ser abruptamente interrompida. O impacto consolidado em setembro de 2025 (primeiro mês com efeito pleno) revelou o dano real:
- As exportações de carne bovina para os EUA despencaram 70% em valor e 81% em volume em comparação com setembro de 2024.
- Em contrapartida, a rápida mobilização do setor para novos destinos garantiu que as exportações totais de carne bovina brasileira atingissem um recorde histórico em setembro, com a China e outros mercados da Ásia e Oriente Médio absorvendo o volume desviado.
Impactos Reais e a Resiliência do Setor
Dois meses após o tarifaço, os impactos previstos se consolidaram, mas com nuances:
- Exportações e Diversificação: A carne brasileira perdeu competitividade nos EUA, mas provou sua resiliência operacional. O sucesso em redirecionar rapidamente as remessas compensou a perda do 2º maior mercado e minimizou o prejuízo total (estimado em $1 bilhão pela associação do setor).
- Preço do Boi Gordo e Estoque: A sobreoferta interna de carne que era destinada aos EUA tende a pressionar o preço do boi gordo, apertando margens na ponta produtiva. A logística refrigerada foi intensamente utilizada para gerenciar esse volume, com o crescimento do uso de câmaras frias para estocagem interna.
- "Inflação Made in Brazil" nos EUA: O tarifaço gerou um efeito reverso: o aumento da taxação elevou os custos da carne e do café no varejo americano. Essa pressão inflacionária tem se tornado um ponto de alívio para o Brasil, pois gera pressão política sobre o governo norte-americano.
Efeitos Secundários e Cenário Diplomático
- Risco Cambial: O dólar se mantém volátil, com o risco de redução no superávit comercial após a perda do mercado americano, afetando custos logísticos e operacionais.
- Negociação e Reversão à Vista: O cenário diplomático evoluiu drasticamente em outubro de 2025. Após o encontro entre os presidentes, a esperança de reverter a alíquota de 50% é real. O Senado dos EUA chegou a aprovar uma resolução para revogar as tarifas, sinalizando que a pressão interna e o diálogo técnico estão em curso.
Em resumo, não se trata mais de uma previsão, mas de um teste de estresse operacional. O setor provou sua eficiência ao se diversificar rapidamente, mas a manutenção da tarifa de 50% significa que bilhões em receita continuam dependendo do sucesso das negociações técnicas e da pressão inflacionária nos Estados Unidos. O desafio agora se concentra no aumento da eficiência interna. O volume redirecionado e estocado pressiona também a logística do frio do país, tornando o monitoramento e controle de parques refrigerados uma prioridade. É nesse ponto que soluções de refrigeração inteligente, como as oferecidas pela Polus (com foco em gestão remota, eficiência energética e controle de câmaras frias), deixam de ser um diferencial e se tornam um requisito essencial para garantir a qualidade, reduzir custos operacionais e suportar a instabilidade do comércio global.
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