Energia

Quando a demanda por energia renovável ultrapassa a oferta: impactos para indústrias intensivas em frio

Como a escassez de energia limpa exige inovação na cadeia do frio e nas operações frigoríficas.

A transição energética global entrou em uma nova fase. Segundo relatório do UBS (Union Bank of Switzerland), a demanda de data centers e empresas de tecnologia por energia 100% renovável já supera a oferta disponível. O banco estima que, no ritmo atual, a eletricidade necessária apenas para seis grandes empresas (Amazon, Apple, Google, Meta, Microsoft e Oracle) excederá toda a produção solar de grande escala dos Estados Unidos até o início de 2028.

Esse desequilíbrio começa a redesenhar o mercado global de energia. Contratos corporativos de compra (PPAs) estão sendo firmados com anos de antecedência, e até empresas com metas ambiciosas de descarbonização recorrem agora a fontes híbridas, combinando solar, eólica, gás natural com captura de carbono e até retomada de projetos nucleares.

Embora pareça um cenário restrito ao Vale do Silício, seus efeitos já alcançam a indústria global e, especialmente, setores intensivos em frio, como o alimentício, o farmacêutico e o logístico. Essas operações dependem fortemente de energia elétrica estável e de baixo custo, e qualquer variação na oferta de energia limpa pode elevar custos e dificultar metas de sustentabilidade.

No Brasil, o impacto é indireto, mas estratégico. O país tem uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo (83,79% da geração nacional é proveniente de fontes renováveis, segundo o Balanço Energético Nacional 2024 da EPE), mas a transição para uma indústria de baixo carbono exige previsibilidade e gestão. Isso significa que indústrias frigoríficas, mesmo em um ambiente relativamente favorável, precisam adotar práticas de eficiência e diversificação energética para se protegerem das oscilações de mercado.

A eficiência energética na cadeia do frio é, portanto, mais do que uma medida técnica. É uma estratégia de competitividade. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), melhorias em equipamentos, controle e automação podem reduzir em até 20% o consumo de eletricidade em sistemas de refrigeração industrial, sem comprometer o desempenho térmico.

Mas eficiência isolada já não basta. A combinação entre eficiência e gestão energética passa a ser o caminho ideal. Aqui entram as soluções integradas: contratos PPA com fontes renováveis, sistemas de armazenamento térmico que acumulam frio em horários de tarifa reduzida, e o uso de inteligência operacional para ajustar o funcionamento de compressores e ventiladores conforme o perfil real de carga térmica.

A Polus Brasil atua justamente nesse ponto de convergência entre engenharia e estratégia. O trabalho começa com um diagnóstico energético completo da instalação frigorífica, mapeando consumo, perdas e picos de demanda. Com base nesses dados, a equipe propõe planos de otimização que incluem automação, retrofit e, quando aplicável, estudos de viabilidade para autogeração ou cogeração com fontes limpas.

Em projetos recentes, a Polus tem desenvolvido soluções de gestão inteligente de energia que otimizam o uso elétrico das câmaras frias sem comprometer a estabilidade térmica. Por meio de automação e controle de operação baseados em dados, a empresa ajuda indústrias e distribuidoras de alimentos a reduzir custos nos períodos de maior tarifa, mantendo a temperatura dos estoques dentro dos limites ideais e elevando o padrão de eficiência da refrigeração industrial.

O resultado é diverso: redução real de custos e avanço nas metas ESG, por exemplo. Empresas que implementam essa visão integrada tornam-se mais competitivas, previsíveis e resilientes a choques energéticos globais.

O que fica para as indústrias

A escassez global de energia limpa mostra que a transição energética não é apenas um tema ambiental, mas um desafio de gestão e engenharia. Para a indústria brasileira, o momento é de agir. Planejar agora é garantir estabilidade, eficiência e vantagem competitiva nos próximos anos.

Fontes

  • Investing.com / UBS (Union Bank of Switzerland). Demanda de energia limpa do setor de tecnologia supera a oferta. Publicado em 31/10/2025.
  • Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Balanço Energético Nacional 2024.
  • Agência Internacional de Energia (IEA). Energy Efficiency 2024 Report.
  • Confederação Nacional da Indústria (CNI). Eficiência Energética na Indústria Brasileira. Brasília, 2023.
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