
Refrigeração
Auditoria da União Europeia pressiona o Brasil a modernizar a cadeia do frio no setor de pescados
O avanço da União Europeia em rastreabilidade térmica reacende a necessidade de eficiência e padronização na cadeia do frio brasileira

A notícia do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil de que a União Europeia realizará, possivelmente no primeiro semestre de de 2026, uma auditoria nas plantas brasileiras de pescado reacendeu um debate antigo: a cadeia do frio nacional está preparada para atender padrões internacionais de rastreabilidade, temperatura e sustentabilidade? A resposta exige mais do que adequações pontuais. Exige visão de sistema.
O MAPA confirmou a visita técnica dos auditores europeus, que avaliarão desde o processamento até o transporte refrigerado, com foco em segurança alimentar e rastreabilidade térmica. O objetivo é reabrir o mercado europeu para os pescados brasileiros, suspenso desde 2017 por inconsistências em controles sanitários e falhas operacionais na cadeia logística refrigerada.
Segundo a Food and Agriculture Organization (FAO), as perdas pós-colheita de pescado no mundo ultrapassam 35% da produção total, e mais da metade dessas perdas está ligada a deficiências no controle de temperatura e armazenamento. Em países tropicais, como o Brasil, o desafio é ainda maior, pois a variação térmica e as longas distâncias logísticas exigem sistemas de refrigeração precisos e monitoramento contínuo.
Padrões internacionais e o que eles exigem
A União Europeia adota padrões rigorosos para o controle de temperatura em produtos perecíveis. O Regulamento (CE) nº 853/2004, em vigor há quase duas décadas, determina que o pescado deve ser mantido a uma temperatura próxima do ponto de fusão do gelo durante todo o transporte e armazenamento. Além disso, o novo Plano de Ação da Estratégia “Farm to Fork”, publicado pela Comissão Europeia em 2024, reforça a obrigatoriedade de rastreabilidade digital em tempo real para produtos de origem animal exportados ao bloco.
Isso significa que não basta apenas garantir o frio. É preciso provar que ele foi mantido, com dados e registros validados. A rastreabilidade térmica passou a ser o novo “passaporte sanitário” do pescado brasileiro.
Onde a cadeia brasileira precisa evoluir
O Brasil possui um setor pesqueiro competitivo, com potencial de exportação elevado, mas enfrenta gargalos logísticos e tecnológicos. A Embrapa Pesca e Aquicultura identificou, em estudo de 2024, que apenas 28% das plantas frigoríficas do setor operam com monitoramento automatizado de temperatura. Isso cria uma lacuna perigosa entre o que o mercado europeu exige e o que parte da indústria nacional entrega.
Outro ponto crítico é o transporte. Em muitos casos, o controle de temperatura depende exclusivamente de registros manuais e não de sensores com conectividade IoT. Isso limita a capacidade de demonstrar conformidade em auditorias e impede a detecção precoce de falhas.
O papel da Polus Brasil na modernização da cadeia do frio
A Polus Brasil tem atuado para eliminar vulnerabilidades críticas na gestão térmica das indústrias de refrigeração e processamento. O trabalho começa com uma avaliação detalhada das câmaras frias, analisando eficiência, estabilidade de temperatura e confiabilidade dos ciclos de operação.
Entre as soluções mais valorizadas pelos clientes está o sistema de relatórios automáticos de temperatura, que atende integralmente às exigências da ANVISA e demais órgãos fiscalizadores. O sistema registra as temperaturas durante o dia, descartando inclusive os períodos de degelo para garantir precisão e rastreabilidade confiável.
Com essa automação, a Polus assegura que todos os dados térmicos sejam coletados, armazenados e documentados em conformidade com padrões internacionais, sem depender de registros manuais. O resultado é um controle mais rigoroso, redução de riscos operacionais e uma operação frigorificada preparada para atender as auditorias mais exigentes.
Olhando adiante
A auditoria da União Europeia é, antes de tudo, uma oportunidade. O Brasil pode usar essa reavaliação como ponto de virada para reposicionar sua cadeia do frio como referência em eficiência e transparência.
Com tecnologia, gestão de dados e compromisso com padrões internacionais, o país tem tudo para transformar um desafio sanitário em vantagem competitiva. E, nesse processo, a engenharia e a inovação térmica desempenham um papel central.
Fontes
- Food and Agriculture Organization (FAO). Food Cold Chain and Climate 2023.
- Comissão Europeia. Regulation (EC) No 853/2004 of the European Parliament and of the Council.
- Comissão Europeia. Farm to Fork Strategy – Action Plan 2024.
- Embrapa Pesca e Aquicultura. Boletim Técnico de Eficiência Operacional e Cadeia do Frio do Pescado no Brasil, 2024.
- Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). Comunicado Oficial sobre auditoria da União Europeia no setor de pescados, outubro de 2025.
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